Precisa-se “Enfermeiro Escolar” nas Escolas de Portugal

“Nós Sabemos que os Estudantes precisam de estar saudáveis para aprender. Os Enfermeiros de Escola interpretam um papel fundamental ao tornarem possível que as crianças se mantenham saudáveis e aptas para aprender”

Arne Duncan, Secretary, U.S. Department of Education

Nos Estados Unidos o “Enfermeiro de Escola” teve a seu nascimento a 1 de Outubro de 1902, quando uma Enfermeira de nome Lina Rogers foi contratada para reduzir o absentismo e para intervir nos alunos e suas famílias na área das doenças transmissíveis. Apenas um mês após a sua intervenção as escolas de Nova Iorque verificaram ganhos em saúde evidentes e que tornam possível que na América atualmente exista um Enfermeiro Escolar por cada 750 alunos.

A National Association of School Nurses (NASN) Americana publicou e enumerou 5 razões que sustentam a presença de um “Enfermeiro Escolar”  :

  1. Presença –O trabalho dos “Enfermeiros Escolares” permite a implementação de projectos de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de gestão do regime terapêutico. Segundo dados Americanos uma Escola que tenha um “Enfermeiro Escolar” 35 horas por semana tem menos de metade de lesões ou doenças que outras Escolas sem Enfermeiros.
  2. Melhoria dos Resultados Escolares– Um estudante saudável numa sala de aula, permite melhores resultados académicos. O Enfermeiro Escolar permite um melhor desempenho, reduz ainda as taxas de abandono escolar ao identificar nos alunos necessidades de saúde especiais.
  3. Poupança de Tempo – O Enfermeiro Escolar permite economizar tempo aos diretores, professores e funcionários do meio Escolar, que eles teriam de gastar ao abordar temas de saúde. Em média a presença de um Enfermeiro Escolar poupa uma hora por dia aos directores de escola e cerca de 20 minutos por dia aos Professores.
  4. Melhor Saúde- O Enfermeiro Escolar melhora a saúde dos profissionais que trabalham nas escolas ao assumir a função de realizar Saúde Ocupacional. De acordo com relatórios escolares americanos, tanto diretores, professores, e restante equipe apresenta níveis de satisfação elevados pela presença destes profissionais nas escolas e apontam várias razões para tal :
    1. Os professores podem-se concentrar apenas no ensino;
    2. Gastam menos tempo com os pais a discutir problemas de saúde;
    3. Diminuem os custos com seguros escolares, pois diminuem o número de idas às urgências;
    4. Administram medicação aos alunos, nomeadamente diabéticos;
    5. Uma equipe saudável significa um aumento da assiduidade e produtividade.
  1. Custos judiciais e menor mortalidade – Dados americanos referem que a presença de um Enfermeiro Escolar atenua ações judiciais e melhora o nível de preparação da comunidade escolar para responder a situações de emergência ou a situações de saúde mental.

A NASN refere ainda e eu concordo que crianças saudáveis são alunos bem sucedidos, pelo que o “Enfermeiro Escolar” tem um papel multifacetado dentro do ambiente escolar, um que suporta a saúde física, mental, emocional e social dos alunos e do seu sucesso na aprendizagem. O impacto económico que um Enfermeiro Escolar acrescenta na América foi igualmente estudado e documentado em vários artigos, sendo que descrevo os 5 mais importantes :

  1. Fornecem serviços de saúde que aumentam a frequência escolar;
  2. Previnem e controlam a propagação de doenças;
  3. Aumentam o cumprimento do plano nacional de vacinação;
  4. Encaminham alunos com necessidades de saúde especiais para especialistas;
  5. Diminuem o custo do seguro escolar e o número de acidentes com necessidade de intervenção hospitalar.

E em Portugal, qual realidade ?

Em Portugal existem equipas de Saúde Escolar que são constituídas por profissionais de saúde multidisciplinares, onde se destacam os enfermeiros de saúde escolar ao assumirem um papel de Interlocutores da Saúde nas escolas. Estes Enfermeiros de Saúde Escolar distinguem-se dos outros profissionais de saúde pelo elevado número de horas adstritas ao cumprimento do Programa Nacional de Saúde Escolar, sendo os responsáveis pela articulação entre escolas e serviços de saúde, nomeadamente com as equipas de Saúde Familiar (USF/UCSP).

Tanto Ministério da Educação como Ministério da Saúde reconhecem nos enfermeiros de saúde escolar a capacidade única exercer o papel de excelência na gestão dos determinantes de saúde de toda a comunidade educativa, com ganhos em saúde a médio e longo prazo. Ambos os Ministérios referem tratar-se de um investimento capaz de traduzir ganhos reais em saúde uma vez que“por cada 1€ gasto na promoção da saúde hoje, 14€ são ganhos em serviços de saúde amanhã” (Programa Nacional de Saúde Escolar, Direção Geral de Saúde – DGS, Lisboa, 2006).

No entanto é necessário apontar constrangimento e a realidade é que os Enfermeiros que trabalham nas Escolas em Portugal não o fazem a tempo inteiro, uma vez que trabalham ou nas Unidades de Saúde Publica (USP) ou nas Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC). É precisamente neste aspecto e no facto de não existirem Enfermeiros em número suficiente, quer nas UCC quer nas USP que como Candidato à Mesa de Especialidade de Saúde Comunitária pela Lista F considero fundamental o Ministério da Saúde e da Educação façam uma aposta efetiva na contratualização destes profissionais para as Escolas. A presença de mega-agrupamentos de escolas em Portugal torna ainda mais premente esta necessidade.

É necessário existir um Enfermeiro de Escola, a trabalhar a tempo inteiro nas Escolas e com ratio definido, sendo que sugeria que se adoptasse os ratios Americanos

Os Enfermeiros de Saúde Escolar devem atuar junto de toda a comunidade educativa (alunos, pais / EE, profissionais docentes e não docentes) e para que tal seja possível estes Enfermeiros devem ter como local de trabalho as Escola. Só assim será possível aos “Enfermeiros de Escola” assumirem verdadeiramente um papel ativo e terem a oportunidade de partilhar saberes, contribuindo diretamente para a obtenção de ganhos em saúde.

Bibliografia para o artigo:

  • American Nurses Association & National Association of School Nurses. (2011). Scope and standards of practice – School nursing (2nd ed.). Silver Spring, MD:  Nursesbooks.org.
  • American Nurses Association & National Council of State Boards of Nursing. (2006).  Joint statement on delegation. Retrieved from https://www.ncsbn.org/Delegation_joint_statement_NCSBN‐pdf
  • National Association of School Nurses.  (2010). Definition of school nursing. Retrieved from http://www.nasn.org/RoleCareer
  • Perrin, J. M., Bloom, S.R., & Gortmaker, S. L.  (2007). The increase of childhood chronic conditions in the United States. Journal of the American Medical Association, 297(24),  2755‐ doi: 10.1001/jama.297.24.2755
  • Robert Wood Johnson Foundation. (2010). Unlocking the potential of school nursing: Keeping children healthy, in school, and ready to learn. Retrieved from http://www.rwjf.org/files/research/cnf14.pdf
  • Vessey, J., & McGowan, K. (2006).  A successful public health experiment: School nursing. Pediatric Nursing, 32(3) 255 – 256. Wolfe, L. C. (2006).  Roles of the school nurse.  In J. Selekman (Ed.), School nursing:  A comprehensive text. Philadelphia, PA:  F.A. Davis Company

ELEIÇÕES ORDEM DOS ENFERMEIROS

Termino fazendo uma alusão aos Enfermeiros que irão votar nos dias  13 a 15 de DEZEMBRO

Faço parte da Equipa da Mesa de Especialidade de Saúde Comunitária

Eu Voto  VOTE F

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