Acaba de ser publicado ( 22-2-2019) no Boletim do Trabalho e Emprego as normas com incidência para a carreira de Enfermagem e que estará em discussão pública durante 30 dias contar da data da sua publicação. ..
Todos os pareceres devem ser enviados diretamente ao Gabinete da Ministra da Saúde.
Esta “greve dos Enfermeiros” tem sido apelidada de imoral, ilegal , selvagem, enfim os adjetivos são vários, mas o que os Enfermeiros QUEREM é NEGOCIAR com o Governo esse é foco. Dito isto, relembramos as razões múltiplas do porquê deste protesto dos Enfermeiros e tal como um copo cheio, basta uma gota para a água transbordar.
O preconceito histórico continua enraizado na cultura portuguesa face a esta profissão. As culturas institucionais de poder, por mero preconceito histórico, continuam de forma sustentada e intencional a querer subjugar estes profissionais sem se terem dado conta que tudo mudou e continuará a mudar à sua volta. Têm que conseguir destruir os seus “mitos” relativamente a esta profissão sob pena de se continuar a perder uma importante base de trabalho no sector da saúde.
Sendo uma das profissões de saúde com impacto relevante na prestação dos cuidados de saúde pela efectivação diária dos seus múltiplos e diferenciados desempenhos em todas as instituições de saúde (e só quem alguma vez necessitou alguma vez na sua vida de cuidados diferenciados de enfermagem consegue dar a relevância ao que acabei de afirmar), temos assistido ao longo da última década a uma tentativa progressiva mas intencional, por parte de variados governos no “Poder”, para a diminuição do prestígio destes profissionais.
Ao longo destes anos, o poder político em geral não foi capaz ou não quis reconhecer mérito a este grupo de profissionais. Para além destes, outros conhecidos grupos de pressão tudo fizeram para que, dentro e fora das instituições de saúde, a autonomia e o potencial de decisão aos profissionais de enfermagem fosse progressivamente diminuido. Como exemplo basta lembramo-nos da lei de gestão hospitalar que alterou a presença destes profissionais nos conselhos de Administração e em Órgãos de decisão.
Assistimos a uma tentativa de “destruição” dessa mesma profissão, digo “destruição” sem remorsos dado que os envolvidos se sentem traídos no enorme esforço em tempo e dinheiro que fizeram ao longo dos anos, se sentem traídos na falta de reconhecimento profissional por parte dos órgãos de poder político (e não só), se sentem traídos pelo não reconhecimento da sua actividade dentro das instituições, se sentem traídos na natural necessidade de ambicionarem melhorar os seus padrões de vida e se sentem em muitos casos traídos pelo País, por isso emigram!
Os profissionais de Enfermagem são seres humanos, com todas as capacidades, restrições, alegrias e frustrações e que conseguem arrancar do fundo do seu ser as forças necessárias para ajudar a mitigar as dores, aquecer o coração e afagar a alma dos utentes, de quem cuidam…
Classe Política, Quem cuida dos Enfermeiros?
Quem cuida desta classe de profissionais de saúde que está presente 24 horas por dia, junto dos utentes nos Hospitais, domicílios e centros de saúde.
Quem ilumina os Enfermeiros?
Os políticos apagaram a luz de uma profissão, retiraram o brilho dos olhos, tentaram apagar a voz da negociação com esta classe profissional que pede apenas que seja ouvida e que se retomem as negociações.
Somos Enfermeiros e não queremos saber quem ganha esta pseudo-luta entre Governo e Sindicatos! Desejamos, enquanto profissionais de saúde e como utentes que os Sindicatos e Governo retomem a negociação e que escutem ativamente os Enfermeiros!
Desejamos que parem as agressões gratuitas a toda uma classe, que todos os dias trabalha para além dos mínimos, dá sempre o máximo…e desejam Paz Social ! As expetativas dos Enfermeiros estão altas, sim , mas ouvimos da voz do Governo promessas que iam cuidar de nós …
No final ninguém ganha, não ganha o Governo, por não escutar uma classe … Não ganham os utentes que olham para os Enfermeiros e notam o desalento e a revolta desta gente que cuida de gente… Não ganha a Saúde, nem o SNS pois perdemos tempo a debater o não Essencial…
Estes “Enfermeiros” querem assumir-se como elementos úteis, capazes de fazer a diferença e funcionar como fortes aliados na definição de políticas de saúde mais eficientes e eficazes.
Atentamente os Enfermeiros Especialistas
Sérgio Sousa e Vera Carvalho ( a última é Enfermeira Especialista de carreira, mas ainda aguarda que seja aprovada pelo Ministério da Saúde a atribuição do suplemento de Especialista, por erro de listagens )
Cogitare em Saúde 